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Alexandre Pedro
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sábado, 26 de abril de 2014
Blackout
A claridade - de repente - ofuscou-lhe a vista,
a iris como que se fechou em arco.
Da enrugada pele sob as sobrancelhas, causada pelo desconforto de enxergar, ficou a placidez do abandono - um quase quê de mansidão, não fosse a solidão lacrimejada deixada pelas meninas dos olhos - que se afogaram na visão.
Restava, agora, a percepção:
De um "óleo sobre tela", há muito escorrendo nas paredes de um museu, trouxera a lembrança de uma árvore, cujo tronco fino, divisava a cena, quase imperceptível, pois fora colocado ao fundo do cenário, onde só olhos mais aguçados o alcançariam.
A luz que o verniz sobre o tecido com cores reproduzia, posto que é neutro, abrandava sua inexperiente escuridão.
Só havia feito saber ser sol, lua, estrela - nunca avistara as distâncias.
Era menina,
nos olhos, na boca, no vestido.
Nas mãos - era menino.
Tentou apalpar raios de sol, puxar os fios de cabelos da chuva.
Foi abrindo caminhos em meio à escuridão. Contando os passos - sonoros passos - em direção ao fino tronco de árvore de sua lembrança. Sua única esperança é que ele nunca se esvaísse na imensidão em que eles, agora, habitavam.
Alexandre Pedro - Blackout
Imagem: Michael Peck
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pretty nice blog, following :)
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