
Acorda, Judas!
O sol bate às janelas
é dia de navio negreiro!
Há portas que abrem, e portas que fecham.
Me revirei na cama, olhos ainda fechados.
Seria um sonho; mas, o que são os sonhos se não, realidade?
Abri os olhos e vi o quarto no escuro.
O que fazem as coisas no escuro?
Acorda, Judas, Acorda!
Meus olhos, vagarosamente, acostumam-se àquela escuridão
então, avistei o meu tudo de cima de tudo.
O tudo que quis, o tudo que tive.
Meus sapatos...meus livros...meu filho.
Eu...eu...eu chamo seu lindo nome.
(engasgo em mim)
Não me responde, brinca com meus óculos.
Meu corpo paira sobre uma cadeira,
tento tocá-la com os pés; não alcanço-a.
Acorda , Judas, acorda!
Sussurro ao entrar no quarto: A corda, Judas. A corda!
O meu tudo tem condenação nos olhos,
e meus pés pisam o ar; ensaiam um caminho aos tropeço.
Alexandre Pedro