Seja bem vindo!!!
-Entre,
-Tire os sapatos,
-Sente-se e fique à vontade.
-vou pôr uma música.
-Aceita um café?
- Gosta de livros?
- escolha um e vá folheando,
-volto já, com o café.
Alexandre Pedro
e-mail: alexandre.eells@gmail.com

Pesquisar no Cárcere do Ser

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Um falso brilhante

Estou na Oscar Freire. No almoço mataram dois na televisão.
O cara era modelo.
Na tv ele desfilava enquanto o repórter anunciava sua morte.
.......
Gosto da Oscar Freire. É um lugar que me faz brilhar.
Costumo sair do trabalho ao cair da noite, e, conforme vou andando pela avenida as luzes nos portões dos prédio vão se acendendo. Uma a uma.
Um falso valor me brota no estomago. Devolvo um falso sorriso.
É engraçado esse mundo de fábula em que me vejo ao andar por esta avenida. As pessoas se contrastam. Tudo se contrasta. Eu e os prédios. Eu e a avenida.
As vitrines refletem o sonho exposto em meus olhos.
Meu estomago dialoga com meu bolso.
Vazio

Alexandre Pedro
30-08-2011

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Do elo

Algumas vezes ela tenta vir. Vem vindo, vem vindo...

Nem sempre me toca.

Um dia, acredito, ela me toma por todo. E eu, vencido, me acalentarei no seu confortável marasmo.

Minuciosamente me fala aos ouvidos. Palavras de um eu que não é meu.

Ela fita-me os olhos, profundamente me venda. E eu, às cegas, tateio um quase suave sonho.

Acordo, e me busco. Me encontro mas, me ofusco no silêncio envolvente que...que me encrespa às paredes. Do quarto. Do meu estômago.

Uma quase maravilha me arrebata de um quase acordar, e volto a dormir. Então sonho.

Sonho de criança perdida chutando pedrinhas sem perceber estar perdida. Sem ao menos imaginar que outros a procuram.

Nuvens são como algodão doces. E, como!

Como por encanto.


Alexandre Pedro

23/08/2011



domingo, 21 de agosto de 2011

É duro ser cabra na Etiópia

Difícil é ser cabra na Etiópia.

É fácil ter a pele seca encostada poeticamente nas paredes das costas, comprimindo o parco estômago, oco.

Difícil é estar na pele da cabra ambiguamente comparada.

A pele turva, áspera tal qual o chão de rachuras do sertão que lasca tiras de sede.

A pele tensa em sua frouxidão ressequida. O âmago no olhar do abutre que circunda a quase vida ou, o que lhe fora e, agora só lhe resta a quase morte.

A única chama está no ventre; nem aos olhos lhe prostra o brilho, pois neles, refletem as sombras das asas do enigmático corvo.

Quantas vidas tem uma alma. Onde estão seus limites?

Um vulto se aproxima...da vida? ...da morte?

É duro ser cabra na Etiópia!


Alexandre Pedro

18/08/2011

Texto elaborado para participar de um seleção num projeto de livro da Maitê Proênça - É duro ser cabra na Etiópia - à convite do Professor Adilson Oliveira.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011


Entre tantos
Entre verdades, mentiras, golpes, massacres, tiranias
...*Esta publicação foi removida devido ao texto estar sendo integrado ao livro de estreia do autor, intitulado Flores do Ócio, e que será lançado em breve pela Giostri Editora. Mais informações: alexandre.eells@gmail.com
Agradeço muito a visita e o carinho dedicado.
Alexandre Pedro
*imagem: Operários - Tarsila do Amaral

quinta-feira, 4 de agosto de 2011


Fotografia...*Esta publicação foi removida devido ao texto estar sendo integrado ao livro de estreia do autor, intitulado Flores do Ócio, e que será lançado em breve pela Giostri Editora. Mais informações: alexandre.eells@gmail.com
Agradeço muito a visita e o carinho dedicado.
Alexandre Pedro


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Engolindo sapos


acordei com a sensação de haver um sapo em minha cama. senti-lo mexendo em minhas pernas. era uma sensação estranha, mas estranha porque gostosa. um misto de medo, prazer, um pouquinho de pavor e muito calor. no começo tive certa repugnância mas bastou seu coaxar pra me curvar numa postura de adoração e súplica, completamente seduzido por aquele ser mole, aquele monte de qualquer coisa mole. a languidez da criatura me dilatava os poros, molhando de suor os lençóis da cama. sua respiração ofegante misturava-se a minha, resfolegava-mo-nos. esfregava afoito uma perna na outra na tentativa de um movimento seu. ele parecia só um corpo, morto. queria eu sentir seu pulsar, seu peito inflando pesado em minhas coxas. ele permanecia imóvel.
eu ansiava, eu precisava que ele se movesse. eu o queria em outra parte do meu corpo. e acordei, num salto.

Alexandre Pedro
01/08/2011