Seja bem vindo!!!
-Entre,
-Tire os sapatos,
-Sente-se e fique à vontade.
-vou pôr uma música.
-Aceita um café?
- Gosta de livros?
- escolha um e vá folheando,
-volto já, com o café.
Alexandre Pedro
e-mail: alexandre.eells@gmail.com

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segunda-feira, 29 de julho de 2013

Copos de Leite


Copos de leite

Em tubos de ensaio fui levar um tanto de água ao mar, 
depois ensaiei levar em copos; era para inundar um mar em mim.
A efervescência da água borbulhante na areia inspirou-me que levasse leite.
Voltei em vários copos de longa vida frescos. Eu ia e vinha, ia e vinha, metaforizando o mar encostado nas pedras; o sol nos espionando a pele. 
Até que, em mim, nesse ir e vir, afoguei um oceâno com o leite já acima do umbigo. O mar, marulhando, se recolhendo todo, e eu me refazia na linha do horizonte; os olhos ainda trêmulos. 
Alexandre Pedro

Imagem: Projeto Coletivo Parábola
http://www.coletivoparabola.com/

domingo, 21 de julho de 2013

Abacateiro


Abacateiro
Quando criança havia um jardim e um pomar em nossa casa. Minha mãe era a rosa maior e mais bela. Nós, irmãos, éramos as ramificações da família. Aprendi a escrever debaixo do

abacateiro; o abc era dependurado na sinestesia. Minha inocência era um beija flor. Não importava se fazia sol ou chuva, do solo sorriam os girassóis.
Em um dia tempestuoso caiu um raio no pé de abacate e, a videira enviuvou.
De dia reluziam estrelas do pé de carambola e os vagalumes faziam ronda durante a noite. O pé de pitanga era enfeitado; colares de miçangas sobre os galhos. Na jaqueira brincava nosso playground, sorria um balanço desequilibrado nela. Meu pai quem o fez. Mas papai não era representado em árvores; havia, sim, um mamoeiro com as iniciais de papai e mamãe dentro de um coração já esgarçado. Só a cara dele era de pau.
Um dia, os vizinhos vieram colher mudas de nossas plantas.
Não sobrou nada daquela infância, só a rosa mais bela e suas ramificações. Ah, e as letras do abacateiro dependuradas sobre os galhos da memória que uso para escrever essas lembranças.
Alexandre Pedro