A verdade de uma criança é quase um fio fino de um fiapo a se romper aos ouvidos adultos. Creio que há em mim, uma criança, e por esta razão, sonho com ela todos os dias a me soprar da mais diversa poesia. E, numa delas, em forma de sonho, meu sobrinho a me perguntar sobre o video game do amigo do video game do outro amigo. Obviamente não entendi, e quis logo repassar a vez, como se num jogo fosse, à minha mãe. Obviamente, ela estava tão mais ocupada que não podia dar ouvidos aos assuntos de crianças, muito menos vindo da boca de um adulto querendo fugir ao jogo de criança. Eu pedia que ele repetisse na tentativa de poder ajudar mas, quando não acontecia uma coisa, outra coisa acontecia rompendo meus pensamentos e me impossibilitando a interpretação do jogo de palavras do menino. Até um latir de cachorro me falava mais claro que o menino. Linearmente todos os sons me tomavam o dom do discernimento, e eu nada entendia. Insistia com minha mãe a resolver aquele tão gritante e inaudível problema infantil. Tão importante para aquela criança em minha frente, e tão despercebida perante nos, adultos. Mas, minha voz era só mais um ruido no vazio em que vive os adultos.
Por tão fio fino de fiapo se perde a poesia; se das crianças não fosse toda a calmaria que conforta o adulto nos dias da mais tensa agonia.
Alexandre Pedro