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Alexandre Pedro
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terça-feira, 21 de junho de 2011

A Carta

Ilustração: João Grando

A carta

Tinha de ser uma carta de amor,

Mandara a ela num misto de saudade e dor,


Em seu interior a descoberta do amor arrependido e desejoso.


Quisera voltar atrás, pois, havia fugido da felicidade a dois.

Mas, a essência selada no envelope perdera-se no caminho...


Abatida pela solidão de um amor incompatível,

E, entregue ao sofrimento da desilusão,

Buscava respostas, refletia momentos,

Sorria de tristeza e chorava de alegrias.


Inconformada não encontrava razão, nem prazer.


Noutro lugar ele chorava,

Suas lágrimas eram de descoberta e almejavam perdão.


Aqui, lamentava ela a ausência do amado.


- Soluçavam...


Resolvera ele escrever a carta que acompanhava flores

e um belo cartão romântico anunciando sua volta.


Recebera ela um telefonema.


Do outro lado, uma voz suave engasgada na terceira pessoa

perguntava por Lia.

?


O cão dócil levanta as orelhas em atenção.

Um zumbido na janela anuncia os primeiros pingos de chuva.

A cortina esvoaçava.

A TV, em silêncio, anuncia um acidente na Rodovia.

Do outro lado as palavras pulsantes cravadas como um punhal, frias.


Um sussurro engasgado...

Um chão que se perde...

...Um nada.

Uma dor.

Um vazio.

...

- Vago!

- Eu Vago pela casa.

Tranco a janela,

Desligo a TV,

Apago as luzes,

Soa a campainha,

Não atendo,

Sou só e vago.

A campainha insiste,

Atendo,

Uma carta,

Um buquê,

Um cartão.


- Mas, tinha de ser uma carta de amor,

- Era a DOR.


Alexandre Pedro

SP – 25/11/2010


***Este poema tem seus DIREITOS AUTORAIS registrados na Biblioteca Nacional. Reprodução somente possível com pré autorização do autor, Alexandre N. Pedro.


8 comentários:

  1. Ale...meu querido amigo...anjo poeta...
    Amo demais essa sua carta...
    ainda me lembro dos momentos que passei com você junto dessa carta...tantas palavras e tantos sentidos...
    A ilustração está linda...
    Adoraria fazer um livro dessa carta...
    e ainda farei...
    Beijos e beijos...
    LeCa

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  2. linnnndoooo.
    amei. ôgente q menino mais poeta.

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  3. Meninas,
    Que carícias ao pé do meu ouvido ao ler as palavras tão carinhosas de vocês!
    Leca, vc é parte dessa personagem. Vc, lembro uma noite, estava comigo, lendo, relendo, debatendo altas horas da noite...sobre a personagem...e foi vc quem me fez ver que o nome da personagem "Lia" era a terceira pessoa do singular do tempo passado - pretérito, do verbo "ler".
    Este é um dos meus textos favoritos...rs
    Obrigado por tudo, meu anjo!

    Ale Safra,
    obrigado por vir aqui visitar, e deixar seu carinho. Adoro vc!
    Temos muito a trilhar ainda...


    Beijos, meninas!

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  4. sua escrita move algo em mim, modifica algo, faz pensar... vc é invrível!

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  5. ow, Gabi, que fantástico ouvir/ler isso de você. Fiquei muito feliz, ganhei meu dia! rs
    Obrigado mesmo!
    Bjao

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Adorei esse teu poema.

    Tem um enredo sóildo ali dentro, um fio dramático que prende o leitor e o carrega até o desfecho, deixando no ar uma sensação de quero mais no fim. Não que falte algo. Está perfeito. A sensação é pelo prazer que dele se extrai.

    Dali emanam imagens para uma bela encenação tal como aquela que o Otávio fez sobre o conto de Córtazar.

    Algo totalmente sem palavras, apenas a imagem, com exceção do telefonema e a palavra misteriosa e simbiótica.

    Apesar de ainda não ter lido tudo que você já escreveu, pareceu-me que inaugura uma estrutura e fórmula ainda não utilizada por você.

    Parabéns!

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  8. Daniel, querido!
    Esse poema é do final do ano passado, e é, realmente, um dos poemas que mais gosto, e fiquei muito contente que tenha gostado.
    Você é uma das pessoas que adorei ter "conhecido" e que acredito e, faço muito o uso das tuas palavras que tanto me fazem crescer.
    Forte abraço,
    Alexandre

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