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Pesquisar no Cárcere do Ser
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Um falso brilhante
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Do elo
Algumas vezes ela tenta vir. Vem vindo, vem vindo...
Nem sempre me toca.
Um dia, acredito, ela me toma por todo. E eu, vencido, me acalentarei no seu confortável marasmo.
Minuciosamente me fala aos ouvidos. Palavras de um eu que não é meu.
Ela fita-me os olhos, profundamente me venda. E eu, às cegas, tateio um quase suave sonho.
Acordo, e me busco. Me encontro mas, me ofusco no silêncio envolvente que...que me encrespa às paredes. Do quarto. Do meu estômago.
Uma quase maravilha me arrebata de um quase acordar, e volto a dormir. Então sonho.
Sonho de criança perdida chutando pedrinhas sem perceber estar perdida. Sem ao menos imaginar que outros a procuram.
Nuvens são como algodão doces. E, como!
Como por encanto.
Alexandre Pedro
23/08/2011
domingo, 21 de agosto de 2011
É duro ser cabra na Etiópia
Difícil é ser cabra na Etiópia.
É fácil ter a pele seca encostada poeticamente nas paredes das costas, comprimindo o parco estômago, oco.
Difícil é estar na pele da cabra ambiguamente comparada.
A pele turva, áspera tal qual o chão de rachuras do sertão que lasca tiras de sede.
A pele tensa em sua frouxidão ressequida. O âmago no olhar do abutre que circunda a quase vida ou, o que lhe fora e, agora só lhe resta a quase morte.
A única chama está no ventre; nem aos olhos lhe prostra o brilho, pois neles, refletem as sombras das asas do enigmático corvo.
Quantas vidas tem uma alma. Onde estão seus limites?
Um vulto se aproxima...da vida? ...da morte?
Alexandre Pedro
18/08/2011
Texto elaborado para participar de um seleção num projeto de livro da Maitê Proênça - É duro ser cabra na Etiópia - à convite do Professor Adilson Oliveira.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Agradeço muito a visita e o carinho dedicado.
Alexandre Pedro
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Engolindo sapos

acordei com a sensação de haver um sapo em minha cama. senti-lo mexendo em minhas pernas. era uma sensação estranha, mas estranha porque gostosa. um misto de medo, prazer, um pouquinho de pavor e muito calor. no começo tive certa repugnância mas bastou seu coaxar pra me curvar numa postura de adoração e súplica, completamente seduzido por aquele ser mole, aquele monte de qualquer coisa mole. a languidez da criatura me dilatava os poros, molhando de suor os lençóis da cama. sua respiração ofegante misturava-se a minha, resfolegava-mo-nos. esfregava afoito uma perna na outra na tentativa de um movimento seu. ele parecia só um corpo, morto. queria eu sentir seu pulsar, seu peito inflando pesado em minhas coxas. ele permanecia imóvel.