Restará os espaços vazios atrás da estante acumulando poeira? Os espaços entre os móveis? - Restará aquele vinco no lençol? O vazio estreito percorrido entre os cômodos da casa?
Sim. Ficará o vazio emoldurando a escultura que sustenta o canto da sala e o jardim, uma moldura, sem retrato e sem paisagem, envelhecida, dependurada na parede, servindo apenas como enquadramento para um vazio. Uma torneira presa ao cano em pvc ressequido, saudosa de uns gotejares. Também este plasma em tessitura franzina em minha pele mais fina. Restará, restará.
- Restará um poema de Drummond me apontando a direção..."
Alexandre Pedro
Imagem: Alexandre Pedro
Gostei muito do texto, principalmente do final. É mesmo Drummond sempre apontando a direção. Considerei o seu texto em parentesco com o meu. Assim se vai construindo uma espécie de dramaturgia pessoal. Um abraço.( segue texto)
ResponderExcluirQuando a chuva
Encharcar nossos ossos
E fizer silêncio sobre nossos túmulos
O que saberemos
Da vida que tivemos?
Nossas cicatrizes
estarão para sempre
Ocultas...
E nossas frases derradeiras
Serão repetidas
Por mais algumas semanas...
Depois o esquecimento
De tudo aquilo que fomos.
Um esquecimento puro e simples
Que pouco a pouco
Nossos nomes
Vão apagando...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAmei Alexandre!!! As vezes penso sobre isso, aqui muito bem expressado.
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