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Alexandre Pedro
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quarta-feira, 19 de março de 2014

Sem retrato e sem paisagem

"A uma certa idade nos questionamos sobre o que ficará, e como, as coisas nos lugares em que estão e estiveram durante a nossa vida inteira. E depois, o que ficará de uma vida?
Restará os espaços vazios atrás da estante acumulando poeira? Os espaços entre os móveis? - Restará aquele vinco no lençol? O vazio estreito percorrido entre os cômodos da casa?
Sim. Ficará o vazio emoldurando a escultura que sustenta o canto da sala e o jardim, uma moldura, sem retrato e sem paisagem, envelhecida, dependurada na parede, servindo apenas como enquadramento para um vazio. Uma torneira presa ao cano em pvc ressequido, saudosa de uns gotejares. Também este plasma em tessitura franzina em minha pele mais fina. Restará, restará.
- Restará um poema de Drummond me apontando a direção..."
Alexandre Pedro

Imagem: Alexandre Pedro 

3 comentários:

  1. Gostei muito do texto, principalmente do final. É mesmo Drummond sempre apontando a direção. Considerei o seu texto em parentesco com o meu. Assim se vai construindo uma espécie de dramaturgia pessoal. Um abraço.( segue texto)

    Quando a chuva
    Encharcar nossos ossos
    E fizer silêncio sobre nossos túmulos
    O que saberemos
    Da vida que tivemos?

    Nossas cicatrizes
    estarão para sempre
    Ocultas...

    E nossas frases derradeiras
    Serão repetidas
    Por mais algumas semanas...

    Depois o esquecimento
    De tudo aquilo que fomos.

    Um esquecimento puro e simples
    Que pouco a pouco
    Nossos nomes
    Vão apagando...

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Amei Alexandre!!! As vezes penso sobre isso, aqui muito bem expressado.

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